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sábado, 9 de março de 2013

A recompensa da honestidade

"Ah! Se tivesse a metade disso... tudo em casa estaria resolvido... Poderia me curar e trabalhar para sustentar meus pequenos!".
Emelly Tainara Schnorr
A alegria sempre esteve presente no lar de Henrique, pela harmonia que ali reinava. Como bom chefe de família, trabalhava incansavelmente para sustentá-la. Porém, conseguia, com esforço, só o necessário para uma vida sem muita folga. Não obstante, com sua esposa e filhos eram muito estimados na aldeia, pelas demonstrações que davam de virtude. Na verdade, a devoção a Jesus Sacramentado era o centro da família e daí emanavam as bênçãos para aquela humilde morada.
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Ao entrar no recinto sagrado foi inundada por
enorme consolação, pois o Santíssimo Sacramento
estava exposto

Entretanto, uma profunda tristeza veio abalar tão abençoada família: sendo acometido por uma doença mortal, depois de gastar suas economias com remédios e hospital, Henrique deixou a esposa, Helena, e seus três filhos na miséria. Antes, contudo, de exalar o último suspiro, quis dar aos seus um conselho simples, mas precioso:
- Em qualquer circunstância da vida, nunca deixem de invocar Aquele que é Todo-Poderoso. Na Eucaristia está o remédio para qualquer aflição.
Após sua partida para a eternidade, quem sustentaria a família? Os filhos ainda não tinham idade para trabalhar e Helena, devido aos cuidados com o marido, também ficara com a saúde abalada, sem condições para tanto. Por isso, em pouco tempo, não havia na casa sequer um pouco de farinha... Estavam a um passo da indigência completa. A viúva, desamparada em tal situação, não encontrou outra saída senão mendigar pelas redondezas. Não faltaram almas generosas que se enternecessem, à vista de sua dor. No entanto, o obtido não era suficiente.
Um dia, estando com os filhos para rezarem o terço como o faziam todas as tardes, entre lágrimas, dona Helena não resistiu e desabafou-lhes suas angústias:
- Meus filhos, estamos passando por momentos difíceis! Comove-me pensar que nem sequer temos o indispensável para sobreviver. Sua mãe não é capaz de trabalhar, e mendigar não traz muitos resultados...
Mateus, o mais velho, julgando-se responsável e adulto, quis tranquilizá-la:
- Não se preocupe, mamãe, sou grande e já posso trabalhar. Amanhã vou percorrer a aldeia em busca de serviço. Assim, poderei sustentar a família!
- Agradeço sua boa disposição, meu Mateus - disse a bondosa mãe -, mas você só tem dez anos!...
Luísa, a segunda filha, procurou consolá-la, dizendo-lhe:
- Mamãe, não se aflija, lembre-se do que o padre disse no domingo: Deus é protetor dos órfãos e das viúvas. Ele nunca vai deixar de nos amparar. Se Ele nos mandou o sofrimento, é porque nos ama!
- Sim, confie em Jesus - acrescentou Pedro, o pequenino. Papai disse que é na Eucaristia onde está o remédio para todas as aflições!
Reconfortada pelas palavras dos filhos, dona Helena, logo pela manhã, dirigiu-se à igreja a fim de implorar auxílio a Jesus, presente na Sagrada Hóstia. Já ao entrar no recinto sagrado foi inundada por enorme consolação, pois o Santíssimo estava exposto, criando um ambiente acolhedor, cheio de graças e de bênçãos. Ajoelhando-se junto ao altar, passou longas horas externando suas dores ao Divino Redentor e suplicando-lhe misericórdia.
Estava tão entretida em suas orações, que nem sequer percebeu a entrada de dois homens na igreja. Eram empregados do fazendeiro mais rico da região, os quais, após terem passado pelo banco para retirar uma boa quantia de dinheiro do patrão, quiseram visitar o Santíssimo Sacramento.
Completada a visita, retiraram-se, montando logo em seus cavalos, pois estavam atrasados com suas obrigações. Nesse ínterim, a viúva também foi saindo, e viu desprender-se e cair um saco volumoso da cavalgadura deles. Pesarosa,
a boa senhora tomou-o agilmente para devolvê-lo, não conseguindo, porém, devido à rapidez com que se distanciaram.
Dona Helena percebeu ter uma grande fortuna nas mãos e pensou: "Ah! Se tivesse a metade disso... tudo em casa estaria resolvido... Poderia me curar e trabalhar para sustentar meus pequenos!".
Não se deixando seduzir pelas moedas que pareciam palpitar naquele saco, no mesmo instante, foi entregá-lo ao sacristão, depois de ter-lhe explicado o ocorrido, pois, na aldeia era costume, quando aconteciam fatos similares, entregar os objetos perdidos à secretaria paroquial. Com a consciência tranquila, regressou para casa com a alma em paz.
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Dona Helena percebeu ter uma
grande fortuna nas mãos

Os empregados, somente ao chegarem à fazenda deram-se conta da falta do dinheiro. Cheio de aflição, um deles foi narrar ao patrão o sucedido, creditando-lhe que, por certo, havia caído por onde passaram. O patrão, muito piedoso, resolveu ir à igreja com o intuito de rezar para encontrar o objeto perdido. Chegou pouco tempo depois de a viúva haver se retirado. Aproximando-se do Santíssimo Sacramento, implorou a ajuda do Senhor dos senhores, pois naquele dinheiro estava o salário de seus empregados e, apesar de ser rico, esta falta ia desequilibrar seus negócios.
Impulsionado por uma graça, dirigiu-se à sacristia a fim de perguntar ao sacristão se, por acaso, não havia visto o valioso saco. Este lhe respondeu afirmativamente, e devolveu-lhe seu dinheiro, explicando ter sido uma pobre viúva sua grande benfeitora. Comovido diante da honestidade da boa mulher, quis agradecê-la, indo até sua residência.
Lá chegando, soube da história de sua vida. Condoído por sua situação e tocado por sua honestidade - que nem a extrema necessidade conseguiu abalar -, deu-lhe todo o saco como recompensa. A miséria de dona Helena pôde ser suprimida, ela cuidou da saúde e conseguiu sustentar a família dignamente.
De igual modo, o bom patrão também premiou seu servo, por lhe haver demonstrado tanta honestidade, assumindo o caso e sendo veraz em contar-lhe o sucedido, não inventando nenhuma desculpa ou falsa razão pelo desaparecimento das moedas. Por isso, o fez administrador de sua fazenda.
Este é o modo como Nosso Senhor retribui a todos aqueles que O buscam para adorá-lo e fazer-Lhe companhia no Santíssimo Sacramento!
(Revista Arautos do Evangelho, Maio/2012, n. 125, p. 46-47)

sexta-feira, 1 de março de 2013

Março é mês de São José - História: A resposta de São José

Chegando afogueada pela corrida, amarrou com cuidado o bilhete na pata da pombinha. Soltando-a no ar, ficou confiante esperando a resposta do Santo Patriarca.
Bárbara Honório
Catarina, uma jovem e piedosa costureira, sempre tivera muita devoção a São José. Desde bem pequena, sua avó lhe ensinara que o grande Patriarca da Igreja velava, com carinho, pelas necessidades espirituais e materiais dos que a ele recorressem, pois fora o guardião e ecônomo da Sagrada Família. Na igreja de sua pequena cidade, havia uma bela imagem do santo, a quem ela visitava todos os dias, depois de assistir à Missa, com muito recolhimento e fervor.
Sua família era simples e muito religiosa. A mãe ficara viúva cedo e, por isso, viviam as duas com a avó, e se mantinham à custa das costuras de ambas. Ainda menina, habilidosa e inteligente, aprendera com elas a costurar e a bordar, e o fazia com perfeição. Trabalhava em um ateliê de alta costura e era a melhor profissional do lugar. Dona Marieta, proprietária do estabelecimento, a estimava muito e reconhecia seu talento.
Além de atender aos clientes com muita educação e cordialidade, não deixava de manter uma prosinha com eles, contando histórias dos santos e animando-os na Fé. Por isso, muitos a faziam de confidente, pois ela ouvia seus problemas e dificuldades com interesse e dava-lhes bons conselhos, não sem deixar de recomendar muito amor a São José.
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Catarina sempre recomendava a todos
muito amor e devoção a São José

Porém, precisou diminuir um pouco o trabalho, por uma súbita doença da avó. Dedicando-se a ela completamente, não teve outro remédio senão abandonar o emprego, ficando como sua enfermeira particular. A pobre senhora teve uma enfermidade um tanto longa e dolorosa, resultando no fim de todas as economias da família. As costuras da mãe já não bastavam para tudo... Acabaram ficando com várias dívidas para pagar.
Afinal, tendo-se recuperado a boa anciã, Catarina tentou voltar ao trabalho. No entanto, no ateliê já haviam ocupado seu lugar e precisava ficar em uma longa fila de espera. A senhora Marieta, por mais que a considerasse, era uma mulher de negócios e não estava disposta a contratar mais alguém, sem necessidade, e tampouco iria despedir a nova funcionária sem justa causa. Como a cidade era pequena, eram poucas as opções para a jovem.
Pensou, então, em fazer costuras particulares, mas ia ser mais difícil, porque os clientes continuavam a buscar o ateliê. Sua única saída era voltar para lá, pois precisava pagar as dívidas e sustentar a casa. Contudo, como seria aceita de volta? Não queria prejudicar a nova costureira, pois deveria também necessitar daquele trabalho...
Vendo-se em tamanha dificuldade, Catarina foi à igreja e pôs-se de joelhos diante de São José, pedindo-lhe que não lhe faltasse nessa emergência. De repente, teve uma inspiração e voltou correndo para casa...
A moça tinha uma pombinha de estimação, muito alva e mansa, com quem brincava e se distraía. Era tão afetuosa com o bichinho, que a pomba costumava fazer seus passeios aéreos todos os dias e voltava tranquilamente, à tarde, sem jamais se perder. Chegando em casa, afogueada pela corrida, pegou um papelzinho onde escreveu um bilhete. Pegou a pomba e amarrou-o com cuidado na patinha. Soltando-a, no ar, disse:
- Voe, minha pombinha, e leve esta mensagem a São José.
E ficou tranquila, na certeza daquela mensagem urgente cruzar os céus e chegar até o Santo Patriarca. Mais tarde, quase ao entardecer, a pombinha regressou para casa, sem o bilhete em sua patinha... A resposta de São José não se fez esperar por muito tempo!
No dia seguinte, bem cedinho, dona Marieta tocava à porta da casa da jovem, perguntando por ela. Depois de cumprimentá-la, foi logo dizendo:
- Catarina, venho aqui tão cedo porque preciso de seu serviço ainda hoje!
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Habilidosa e inteligente, aprendera
desde cedo a costurar e a bordar

Então narrou-lhe o acontecido. Naquela mesma manhã, antes do raiar do dia, havia recebido a visita de um venerável ancião, encomendando- lhe algo muito importante, de parte da senhora mais rica da cidade vizinha. Queria ela uma série de bordados para decorar sua nova casa, bem como o vestido de aniversário de sua filha, pois esta completaria quinze anos em pouco tempo. Entretanto, fazia questão do trabalho ser feito por Catarina, pois havia tido notícias de ser ela a melhor costureira e bordadeira da região. Como a dona do ateliê afirmasse já não mais contar com seu trabalho, o ancião disse que então levaria o material que trazia de volta, pois havia recebido recomendação expressa a esse respeito.
Dona Marieta, percebendo valer a pena o negócio para o seu renome e o de seu ateliê, não teve dúvida em afirmar ao respeitável senhor que a moça retomaria suas atividades ainda naquele dia. Com isso, ele havia deixado os tecidos e os desenhos, segundo os quais deveriam ser executados os trabalhos, e se retirou. E ela ali estava a suplicar-lhe para retomar o emprego.
Não podendo mais conter as lágrimas de emoção, contou para sua patroa o que fizera na tarde anterior. Como havia chegado rápido a resposta de São José! Dona Marieta também se emocionou e quis acompanhar sua funcionária e amiga à igreja, para onde se dirigiu com a mãe e a avó a fim de agradecer a seu santo protetor tão grande benefício.
O fato correu pela vizinhança, fazendo crescer enormemente a devoção de todos, e uma Missa solene foi encomendada por Catarina, em ação de graças pelo auxílio do ilustre padroeiro. Por ocasião de sua festa, que não demorou muito a chegar, ruas e praças se engalanaram para celebrar o grande Patriarca da Igreja, na certeza de nunca faltar sua ajuda a todos os que a ele recorrem com amor e confiança, e deram-lhe o título do patrono da cidade.
(Revista Arautos do Evangelho, Março/2012, n. 123, p. 46-47)